Ariosto
LUDOVICO ARIOSTO nasceu no dia 8 de setembro de 1474, na cidade de Reggio Emilia, Emília Romanha, Itália. Morreu no dia 6 de julho de 1533, na cidade de Ferrara. Filho de um membro do tribunal de Ferrara, região de Emília Romanha, fez o curso de Direito, mas abandonou a carreira jurídica para se dedicar à poesia. Estudou os poetas latinos e a composição dos seus versos. Foi protegido do nobre Hipólito d´Este e, posteriormente, de Afonso d´Este. Em 1522, foi nomeado governador de uma província. Sua obra é abundante: Poesias Líricas Latinas (1493-1503), sátiras, peças de teatro, etc.
Seu trabalho mais conhecido é o poema Orlando Furioso, que seria a continuação de uma obra anterior, intitulada Orlando Enamorado. O poema, composto de 46 cantos, alcançou grande sucesso quando da sua publicação. Nele, o poeta ridiculariza a nobreza feudal em decadência, ao mesmo tempo em que prenuncia o novo homem da Renascença. Além do seu aspecto social, a obra consegue unir um enredo fantástico a uma versificação harmoniosa. Foi traduzido em quase todas as línguas e no próprio século XVI foram feitas mais de sessenta edições. Escreveu, ainda, O Necromante, Os Supostos e Rinaldo Ousado (inacabado). Em 2000, o diretor János Darvas lançou o filme (romance) Alcina, baseado na obra.
28/01/2020 — Estreou nos cinemas brasileiros o filme “Pinóquio”, produção italiana baseada no famoso brinquedo de madeira criado pelo escritor Carlo Collodi. Na trama, o solitário marceneiro Gepeto (Roberto Benigni) tem o grande desejo de ser pai e deseja que o Pinóquio (Federico Lelapi), o boneco de madeira que acabou de construir, ganhe vida. O pedido é atendido, mas a desobediência do jovem brinquedo faz com que ele se perca de casa e embarque numa jornada repleta de mistérios e seres mágicos. No primeiro final de semana de exibição entre os dias 21 e 24, o “Pinóquio” levou 48.850 espectadores às salas onde foi exibido, com arrecadação de R$ 854,3 mil. O filme estreou mundialmente no dia 19 de dezembro de 2019. Arrecadou globalmente US$ 22,1 milhões.
Collodi
CARLO LORENZINI nasceu no dia 24 de novembro de 1826 e morreu no dia 26 de outubro de 1890, na cidade de Florença. Ingressou no jornalismo, fundando e dirigindo dois jornais humorísticos — O Lampião e A Escaramuça —, os quais duraram pouco. Engajou-se em 1859 na luta pela independência italiana e escreveu opúsculos favoráveis à união da Toscana e do Piemonte, assinando pela primeira vez seu pseudônimo.
A partir de 1875, começou a fazer livros para crianças, adaptando contos tradicionais e escrevendo algumas obras educativas, que tiveram muito sucesso, entre as quais Gianettino e Minuzzolo. Encorajado por esse êxito, cultivou a literatura didática publicando Primeira Viagem de Giannetino Pela Itália e A Gramática de Giannetino, etc. Mas a sua realização como escritor foi com As Aventuras de Pinóquio, obra prima da literatura infantil mundial, que foi traduzida para todas as línguas. Aa ideia apareceu e quando, contratado por um jornal para escrever um conto em episódios, segundo se conta, levou dois anos escrevendo a obra para pagar dívidas.
Tentou ainda utilizar motivos parecidos em 1887, com suas Histórias Alegres, mas não foi bem sucedido. Escrita originalmente em capítulos, entre julho de 1881 e janeiro de 1883, As Aventuras de Pinóquio foram publicadas em livro em 1883. Com o título de História de um Boneco, foram publicados os quinze primeiros capítulos, mas quando o personagem está moribundo, o autor interrompeu a narrativa. Os capítulos recomeçaram após algum tempo, já com o título que consagraria a história para sempre, completando assim os 36 episódios originais da obra. O livro foi várias vezes adaptado para o cinema, sendo a versão mais famosa a dos Estúdios Disney, de 1940. A história original, entretanto, é muito mais rica. Permite inúmeras leituras por públicos de diferentes idades. A obra ultrapassou as fronteiras da Itália e se tornou um patrimônio universal.
Apollinaire
WILHELM APOLLINARIS KOSTROWITZKI nasceu no dia 26 de agosto de 1880, na cidade de Roma, Itália. Morreu no dia 9 de novembro de 1918, na cidade de Paris, França, vítima da gripe espanhola. Era filho de uma aristocrata polonesa que emigrara para a Itália e, presume-se, do italiano Francesco Flugi d´Aspermont. Em 1901, esteve na Alemanha, onde se apaixonou por Annie Playden, jovem inglesa, que lhe inspirou a famosa obra Chanson du Mal-Aimé (Canção da Dor de Amor). Seguindo para Paris no ano seguinte, iniciou a carreira literária ao colaborar em diversas revistas. Era amigo bastante íntimo de Pablo Picasso e foi um dos primeiros autores a escrever sobre o pintor espanhol e outros pintores contemporâneos.
Em 1908, conheceu Marie Laurencin, por quem também se apaixonou. Ela é tida como inspiradora de muitas de seus poemas de amor. Publicou seu primeiro livro em 1909: L´Enchanteur Pourissant, com uma tiragem de apenas 110 exemplares. Logo depois, dirigiu a publicação de uma série de livros intitulada Mestres do Amor, para a qual escreveu um prefácio sobre o Marquês de Sade, que alcançou grande repercussão na crítica e no público. Em 1916, participou da Primeira Guerra Mundial. É considerado um dos precursores do surrealismo, tendo escrito, ainda: Ombre de Mon Amour (Sombra de Meu Amor), Alcools (Álcool), La Femme Assise (A Mulher Assentada), Les Mamelles de Tirésias (Os Peitos de Tirésias).
PÚBLIO VIRGÍLIO MARO nasceu no dia 15 de outubro do ano 70 a.C., na localidade de Andes, Gália Cisalpina, Itália. Morreu no dia 21 de setembro do ano de 19 a.C., na cidade de Brindisi. Fez os primeiros estudos em Cremina, viajando depois para Milão e, mais tarde, para Roma, onde se tornou discípulo de Elpídio, célebre professor de retórica. Por volta de 45 a.C., pouco antes do assassinato de Júlio César, passou a morar nos arredores de Nápoles, onde estudou com o epicurista Siro e conheceu Horácio. De regresso à sua terra natal, dedicou-se à poesia e aos estudos relacionados a ela.
Todavia, no ano de 41 a.C. a propriedade paterna foi atingida pelo confisco ordenado pelos triúnviros, principalmente Otávio, que passaram a distribuir terras aos seus soldados veteranos. Usou, então, suas relações: fez uma viagem a Roma para buscar o auxílio de Asínio Polo, antigo governador da Gália Cisalpina e amigo de Caio Mecenas, homem da corte do triúnviro. Apesar dos seus esforços, a família perdeu as terras. Mas, graças a Mecenas, recebeu como indenização uma propriedade na Campânia. Desde então, sua vida se dividiu entre Roma e Nápoles. Em 37 a.C. publicou As Bucólicas, que havia iniciado em 42 a.C. e que o distinguem como uma dos maiores poetas de Roma.
Tornou-se um dos membros mais importantes do círculo literário da corte, sob a proteção de Mecenas, a quem dedicou sua segunda obra — as Geórgicas —, composta entre 37 e 30 a.C. O resto de sua vida seria consagrado à Eneida. Em 19 a.C., quando planejava dedicar mais três anos ao aperfeiçoamento desse poema épico, empreendeu uma viagem à Grécia e ao Oriente, a fim de obter os conhecimentos necessários à revisão e à elaboração de alguns trechos da obra. Em Mégara, sofreu uma insolação, que lhe foi fatal. Nas Bucólicas, também conhecidas como Éclogas, ele reuniu dez poesias de caráter idílico pastoral, influenciadas pela obra do grego Teócrito de Siracusa, criador do poema pastoral. Nelas, contudo, não imita seu intenso realismo e torna a poesia pastoral mais ideal, literária e artificial.
No poema didático Geórgicas, discorre, em quatro livros, sobre o cultivo dos campos, as árvores, o gado e as abelhas. Insere também extensas digressões relacionadas à morte de Júlio César, o império de Otávio Augusto e as guerras do Oriente. Sua obra mais importante é, sem dúvida, Eneida, considerada o maior poema da romanidade. A lenda do personagem Eneias, divulgada em Roma após as guerras púnicas, ofereceu ao poeta um tema que lhe permitiu fundir o maravilhoso ao real, já que para alguns a origem troiana de Roma era indubitável. Ao fundir o presente ao passado, história e lenda, realidade e fantasia, criou uma verdadeira epopeia, que tem como protagonista, mais que Eneias, o espírito eterno de Roma, cuja história é exaltada e glorificada. A obra foi composta em duas partes nitidamente distintas e separadas, mas de igual extensão.
A primeira (livros I a IV) tem como modelo a Odisseia e narra as viagens de Eneias até a sua chegada à Itália. A segunda, inspirada na Ilíada, relata as guerras pela conquista do Lácio. Mas a obra ficou inacabada em alguns versos e há incoerências na composição e na estrutura narrativa. Além de ter substituído as versões latinas de Homero nas escolas romanas, a Eneida foi modelo de toda a poesia durante a Idade Média e teve presença marcante na Renascença. À medida que se retornava aos cânones da Antiguidade Clássica, constituía-se a tradição de um Virgílio mágico e multiplicavam-se as refundições e traduções do poema. As suas outras obras também exerceram bastante influência na Renascença. As Bucólicas, especialmente, vincularam-se à formação do Classicismo, influindo no desenvolvimento da poesia pastoral do século XV e no teatro. As Geórgicas tiveram abundantes traduções, pois era tida como um modelo de elegância literária e como documento da civilização antiga.
GIACOMO LEOPARDI nasceu no dia 29 de junho de 1798, na localidade de Recanati, Macerata, Itália. Morreu no dia 14 de junho de 1837, na cidade de Nápoles, Campânia. A noia — termo com o qual os italianos expressam muito mais que o tédio, fastio, aborrecimento, nojo e desgosto — foi uma das suas principais características. Posteriormente, vários artistas e intelectuais (entre eles o romancista Alberto Moravia e o cineasta Michelangelo Antonioni) também fariam da noia um dos motivos centrais de suas obras.
E o conteúdo da palavra encontraria correspondência no absurdo existencial descrito por filósofos contemporâneos, como Jean-Paul Sartre. Mas com o poeta italiano, a noia fora quase resultado direto de uma vida sempre ameaçada pela precariedade física e pela infelicidade. Criado na severa e preconceituosa disciplina dos nobres e dominado principalmente pela mãe (mulher a quem interessava somente resguardar o mundo e o patrimônio familiares), teve de se contentar, durante a infância e na juventude, com a biblioteca do pai. Nela, jamais entrara um autor contemporâneo. No entanto, eram muitos os clássicos. Entre eles, Dante Alighieri, Francesco Petrarca e os antigos gregos e latinos.
Esses autores exerceriam profunda influência em seus primeiros trabalhos. Na noite de natal de 1812, ofereceu uma dessas tragédias (Pompeo in Egitto) ao pai. Quatro anos depois, escreveria o discurso Della Forma di Orazio Presso gli Antichi e daria início à sua produção poética com o idílio Le Rimembrazone. A partir daí, passaria a revelar ambições, decepções, melancolias e a noia que o atormentava. Nem mesmo num de seus períodos mais fecundos, de estudo e participação intelectual em Milão, Bolonha, Pisa e Florença, conseguiu se libertar das raízes que o prendiam à terra natal. E quando se sentiu arrasado por uma experiência amorosa mal sucedida em Florença, retornou ao lar que tanto o deprimia. Encontrou a família praticamente arruinada. Percebeu que seu apego à poesia não seria a milagrosa chave do equilíbrio econômico.
Assim, tornou a partir com sua desilusão, desta vez para Nápoles, procurando apoio na amizade sincera de Antonio Ranieri. Nessa cidade deixou-se ficar, doente e infeliz, até que a epidemia de cólera de 1837 o incluísse entre as suas vítimas. Na correspondência mantida com os poucos amigos e no material que reuniu de 1817 a 1832 (publicado com o título de Zibaldone), abriu a memória e o coração: falou de leituras e do passado, questionou a vida e a morte, desabafou sobre “a infinita inutilidade de todas as coisas”. Alguns de seus poemas (La Sera del Di di Festa, Il Passero Solitario, A Se Stesso) revelam a mesma desesperança, na província e na solidão. Suas reflexões filosóficas, simples e grandiosas a um só tempo, dão mostras de sua personalidade e de sua concepção pessimista do mundo. A parte mais importante de sua obra é representada pelas Operette Morali (1824) e pelos Canti (reunião de vários poemas).
Com as primeiras, deu forma teórica à sua filosofia da infelicidade humana. Na introdução, afirmou mesmo ser impossível a existência de um mundo feliz.Era clássico por formação, mas romântico por pensamento e sentimentos. Declarava-se adversário do Romantismo, mas seu lirismo lhe conferiu um lugar entre os maiores dessa escola, na Itália. Engajou-se numa luta existencial muito particular, mas não deixava de vibrar com a possibilidade de se conhecer o universo. Compreendeu que a ciência poderia facilitar a integração do homem-natureza, indivíduo-sociedade. Seu pessimismo é, por isso, considerado também consequência de um confronto entre as limitações do homem e a vastidão do universo. Tido como maior lírico da literatura italiana, fez uma poesia repleta de imagens puras, utilizando a palavra como uma sutil arma para dar vitalidade aos temas. Coerente nas contradições de sua vida e obra, amou e desprezou o mundo.
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