Valentim
Magalhães

ANTÔNIO VALENTIM DA COSTA MAGALHÃES nasceu no dia 16 de janeiro de 1859 e morreu no dia 17 de maio de 1903 na cidade do Rio de Janeiro. Além de romancista era poeta, dramaturgo, crítico literário e jornalista. Bacharelou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Voltou para a cidade natal em 1881, onde exerceu a advocacia e o magistério. Como professor da Escola Militar e da Escola Normal, dava aulas de português e pedagogia. Colaborou ativamente na imprensa.

Fundou o jornal “A Semana”, considerado o melhor periódico na época, no qual divulgava as notícias da literatura nacional. Como um dos sócios fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira número sete, patrocinada pelo poeta Castro Alves. Entre as suas obras mais relevantes encontram-se o livro de poesias “Cantos e Lutas” (1897) e o romance “Flor de Sangue” (1897). De acordo com a crítica literária, o Valentim Magalhães escreveu com extraordinária e variada fecundidade. Focalizou com muita eficiência quase todos os gêneros literários.

Soneto

Esta alegria loura, corajosa,
Que é como um grande escudo, de ouro feito,
E faz que à vida a escada pedregosa
Eu suba sem pavor, calmo e direito,

Me vem da tua boca perfumosa,
Arqueada, como um céu, sobre o meu peito:
Constelando-o de beijos cor de rosa,
Ungindo-o de um sorriso satisfeito…

A imaculada pomba da ventura
Espreita-nos, o verde olhar abrindo,
Aninhada em teu cesto de costura;

Trina um canário na gaiola, inquieto;
A cambraia sutil feres, sorrindo,
E eu, sorrindo, desenho este soneto.